Ciclo da Dor

Quando penso que não posso suportar as aguilhoadas que permeiam a existência. Quando sinto que espírito e corpo se rejeitam e se convulsionam em uma dolorosa dança macabra, de certa forma morro, e no outro dia, de certa forma renasço, mais forte, revigorado...

Então, como o sol que anuncia e matiza cada novo dia, renasce então, fulgurosa e bela, minha esperança, iluminando mais uma vez minha vida demasiadamente humana.

Mas é tolice imaginar que num mundo de luz e sombras como o nosso, possa existir uma aurora que ilumine todos os horizontes por toda a eternidade... O ocaso sempre chega para tudo e para todos...

Morro e renasço dia após dia. Cada novo nascer do sol me anima e reestrutura a alma. Cada entardecer é o prelúdio para dores ainda maiores que as de outrora.

Na reestruturação da alma que é conseqüência disso tudo, me reconforto de forma perene. O anseio pela transformação. O anseio por algo que transcenda toda a insensatez da atual razão humana, me dá forças para viver e cumprir a missão de sofrer dia após dia, de peito aberto; sorrindo, amando, chorando e perdoando, principalmente a mim mesmo.

Estar aberto ao ciclo da dor é estar aberto à vida.