quinta-feira, 13 de junho de 2013

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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O Idiota, de Dostoiévski (Excertos)

"Essa cruz que eu estava vendo na mão dele, ele a devera ter furtado. Sacudia-a enfiada em uma fita azul encardida. Qualquer um veria que era de estanho. Era graúda, tinha oito pontas, típico modelo bizantino. Tirei vinte copeques, dei-lhos e imediatamente pus a cruz no pescoço. E pude ver na cara dele o quanto ficou alegre por ter enganado um estúpido barine. (...) 'Sim, deixarei de julgar este homem que vendeu o seu Cristo. Só Deus sabe o que está oculto no coração fraco de um bêbado.'"

"Ora, vocês, estão tão comidos pelo orgulho e pela vaidade que acabarão se entredevorando, eis o que desde já lhes profetizo. Não é isso caos, infâmia e pandemônio! (...) Há mais gente como vocês? E de que estão rindo? De eu não ter me sabido conter e explodir contra vocês? Sim, explodi sim, e agora não há outro jeito! Que é que está arreganhando os dentes, você aí, seu 'limpa-chaminés'? -- apontou para Ippolít. -- Está quase a botar a alma pela boca e ainda tenta corromper os outros!"

"Confesso que encetei essa conversa sobre Liébediev de propósito; eu sabia que efeito isso teria sobre a senhora, e sobre a senhora só, pois o príncipe certamente perdoará...e até arranjará uma desculpa para ele, em seu espírito, agora mesmo, muito provavelmente. Não é verdade, príncipe?"

"Palavras e ações, mentiras e verdades estão em mim de tal forma misturadas que no fundo sou sincero. A verdade e a ação, consistem, em mim, em uma contrição sincera, creia ou não o senhor -- juro que é assim -- e a palavra e a mentira, no pensamento infernal de como enganar alguém, de como, através das lágrimas, fingir arrependimento."

"Não resta dúvida que incompetência e completa falta de iniciativa sempre foram consideradas como principal indício de um homem prático, sendo assim ainda mesmo hoje. (...) Sempiternamente, por este mundo afora, a falta de originalidade sempre foi avaliada como a principal característica e a melhor recomendação de um homem prático, ativo e diligente. (...) Inventores e gênios foram quase sempre considerados apenas como loucos, no começo de suas carreiras; e não raro até ao fim delas, também. (...) Sim, se uma absoluta incompetência e uma total falta de originalidade foram aceitas universalmente como os atributos essenciais de um homem prático e de um 'gentleman', uma repentina transformação nesse sistema seria de todo indecente e grosseira. Qual a mãe terna e devotada que não desmaiaria e não ficaria de cama ao ver o filho ou a filha a se afastar uma polegada dessa trilha obrigatória? 'Não, melhor será que ele viva feliz e bem, embora sem originalidade', é o que toda mãe pensa enquanto embala o berço."

"E nem me venham querer assutar, com a prosperidade, a saúde, a diminuição da carestia e a rapidez dos meios de comunicação. Há mais saúde, mas há menos vigor, não há mais ideia sólida; tudo se tornou mais mole, tudo é dúctil, todo o mundo é maleável! Todos nós, todos nós estamos ficando mais moles..."

"Mas é sempre a mesma história com todos nós: se temos uma verruga na testa ou no nariz, cuidamos sempre que ninguém tenha mais nada a fazer, no mundo, senão ficar pasmado para a nossa verruga, achar graça nela e por causa dela nos desprezar, mesmo que tenhamos descoberto a América."

"É a vida que vale, que importa. A vida e nada mais; o processo, a maneira de descobrir, a tarefa perpétua e imorredoura. E não a descoberta em si, absolutamente."

"...sempre no fundo de cada novo pensamento humano, de cada pensamento de gênio ou mesmo de cada pensamento que emerge do cérebro como altíssima centelha, alguma coisa há que não pode ser comunicada aos outros, mesmo que fossem precisos volumes e mais volumes a respeito e que se levasse mais de trinta e cinco anos a querer explicar; alguma coisa que não sai do cérebro, que não pode emergir, que aí fica para sempre intata e incomunicável. Morre-se com ela, sem poder participá-la a quem quer que seja. E todavia bem pode ser que essa seja a ideia mais importante entre todas."

"As criaturas foram feitas para se atormentarem reciprocamente."

"Pessoas existem, de cuja irritadiça sensibilidade devira um extraordinário prazer com que se nutrem, principalmente, quando essa irritabilidade atinge um clímax que prontamente condiz com eles. Em tais momentos positivamente preferem ser insultadas a não o serem. E são sempre, depois, perseguidas por remorso, se têm compreensão, naturalmente, e são capazes de se dar conta de que foram dez vezes mais excitadas do que precisavam ser."

"Contentava-o, sem dúvida, essa oportunidade de descarregar sobre qualquer um a sua raiva pelo seu mau fado."

"Ao espalhar o germe, ao espalhar a tua caridade, a tua bondade, estás dando, de uma forma ou de outra, parte da tua personalidade e tomando para teu uso parte da alheia. Ficas em mútua comunhão com alguém e, à medida que crescer o teu desvelo, irás sendo recompensado com a verificação das mais estupendas descobertas. Acabarás te dedicando a esse teu trabalho como se fosse uma ciência; ele tomará posse da tua vida toda e a encherá por inteiro. Por outro lado, todos os teus pensamentos, todo o germe que espalhaste, e do qual talvez já nem te lembres, crescerá e tomará forma. Quem o recebe de ti o passará adiante. E como hás de tu no fim de tudo poder dizer que parte virás a ter na futura determinação dos destinos da humanidade?"


"Gente há cujo aspecto característico e típico é difícil de descrever integralmente. É gente habitualmente chamada 'comum' ou 'maioria' e que efetivamente compõe a quase totalidade da humanidade. A maior parte dos autores tenta, em seus contos e novelas, selecionar e apresentar de modo artístico e vivo tipos raramente encontrados, na inteireza de suas vidas imediatas, muito embora sejam, sem embargo,  mais reais do que a vida real mesma. (...) que fará um autor com gente comum,  absolutamente 'comum', e como há de colocá-la diante do leitor tornando-a interessante? É de todo impossível deixá-la fora da ficção, pois essa gente do lugar comum é, a todo momento, o principal e indispensável anel da cadeia dos negócios humanos. Se os deixarmos de fora perdemos toda a verossimilhança com a realidade. Encher uma novela completamente só com tipos, ou melhor, querer torná-la interessante mediante caracteres estranhos e incríveis será querer torná-la irreal e até mesmo desinteressante. A nosso ver, um escritor deve procurar a torto e a direito enredos interessantes e instrutivos mesmo entre gente vulgar. Quando por exemplo a natureza mesma dessas pessoas vulgares reside justamente em sua perpétua e invariável vulgaridade, ou melhor ainda, quando, apesar de todos os mais estrênuos esforços para fugir à órbita da mesmice e da rotina, essa gente acaba por se sentir invariavelmente ligada para sempre a essa mesma rotina, então tal gente adquire um carater sui generis, todo seu, o caráter da vulgaridade, desejosa acima de tudo de ser independente e original sem a menor possibilidade de o conseguir.

A essa classe de gente 'vulgar' ou 'comum' pertencem certos personagens da minha narrativa que até aqui, devo confessar, foram insuficientemente explicados ao leitor. Tais são Varvára Ardaliónovna Ptítsina, seu marido o Sr. Ptítsin e seu irmão Gavríl Ardaliónovitch."

"Não há, com efeito, nada mais aborrecido do que ser, por exemplo, rico, de boa família, ter boa aparência, ser bastante esperto e mesmo sagaz e todavia não ter talento, nenhuma faculdade especial, nenhuma personalidade mesmo, nenhuma idéia pessoal, não sendo propriamente mais do que 'como todo mundo'. Ter fortuna, mas não ter a de Rothschild; ser de uma família honrada mas que nunca se distinguiu por qualquer feito; ter uma boa aparência mas, mesmo com ela, não exprimindo nada de particular; ter inteligência, mas nenhuma idéia própria; ter bom coração, mas sem nenhuma grandeza de alma; ter uma boa educação mas nem saber o que fazer com ela etc. etc... Há uma extraordinária multidão de gente assim no mundo, muito mais até do que a muitos possa parecer. Essa multidão pode, como toda a outra gente, ser dividida em duas classes: os de inteligência limitada e os de alcance mais vasto. Os primeiros são os mais felizes. Nada é mais fácil para essa gente 'comum' de inteligência restrita, do que se imaginar original e mesmo exceção, e folgar com essa ilusão, nunca chegando a perceber o equívoco. Basta a muitas de nossas mocinhas cortarem o cabelo de certo modo e usarem óculos azuis e se cognominarem de niilistas, para ficarem de vez persuadidas de que,  com isso só, obtiveram automaticamente 'convicções' próprias. Basta a certos cavalheiros sentir o mais leve prurido de qualquer emoção bondosa e humanitária para que imediatamente fiquem persuadidos de que ninguém mais sente o que eles sentiram, e de que formam a vanguarda da cultura. Basta a certos indivíduos assimilar uma idéia expressa por outrem, ou ler qualquer página solta, para imediatamente acreditarem que essa é a sua opinião pessoal espontaneamente brotada de seu cérebro. A imprudência da simplicidade é, se assim se pode dizer, espantosa, em tais casos. Por mais incrível que pareça, isso existe. Essa imprudência da simplicidade, essa confiança sem vacilações do homem estúpido em seus talentos, foi soberbamente pintada por Gógol no espantoso caráter so seu personagem, o Tenente Pirogóv. Pirogóv não possuía a menor dúvida de que era um gênio, superior mesmo a qualquer gênio. Tinha tal certeza disso que jamais consigo mesmo debateu isso."





Análise da obra: http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/ult1063u245.shtml

EM CONSTRUÇÃO...

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Memento mori


"Quando pensas com ganância
 Em acumular riquezas
 Lembra-te que um dia deves morrer.

 Quando pensas em poder exacerbado,
 Memento mori.

 Quando pensas em sabedoria
 Como clareza e superioridade,
 Lembra-te que saber é sofrer.

 Quando pensas em colecionar status,
 Memento mori.

 O tempo vence a vida,
 As guerras, os bacanas,
 Os poetas e este poema

 'Vaidade das vaidades', disse o pregador, 'tudo é vaidade'."

Caronas-de-Pau


"Eu e minha mochila
 Caronas-de-pau
 À margem da marginal
 Os motoristas vão
 Não sem ficar
 Eles me olham
 Vêem a mim
 Eu vejo seu olhar
 Gostariam de estar comigo
 Talvez de estar no meu lugar
 Dar carona se pudessem
 Não têm tempo, têm medo
 Deixam estar
 Eu deixado, fico
 Não sem seguir
 Deveras lento, mas é cedo
 Vou...
 Um pouco com cada um,
 Vôo...
 Mais um passo
 Mais um passa
 Já não peço mais carona
 A sós eu sigo
 Comigo
 Consigo"

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011


Você já experimentou o prazer inefável que se sente quando nos dedicamos a cuidar com carinho da própria vida? Se não, faça um pouco disso agora mesmo e experimente! É uma sensação maravilhosa...

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Vã Utopia


Dá vigor aos meus passos a esperança talvez vã e utópica de poder ser aquecido pelo teu sorriso em cada amanhecer da minha vida. Ciúme de ti sentiria então nosso sol. Pois na realização dessa quimera, o astro rei te veria brilhar a meu lado cada vez que despontasse solitário no horizonte para protagonizar o papel de anfitrião do dia.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

A Nau Dos Insensatos


Agimos, todos, em maior ou menor grau, durante inúmeras circunstâncias da vida, como idiotas.

Não devemos nos condenar por isso, e nem devemos deixar de agir quando sentimos que devemos agir simplesmente por conta do medo de cometer outra idiotice.

O que deve ser evitado a todo o custo é o ato de encobrir de nós mesmos nossas próprias falhas. Pois é através delas que podemos, aos poucos, nos guiar rumo à sabedoria.